O Abismo Entre Dois Brasis
lado a lado na mesma escola
Ao longo dos últimos anos, acompanhei de perto diversas famílias na árdua missão de escolher a escola ideal para seus filhos. É uma verdadeira maratona: colégio laico ou confessional? Espaço amplo ao ar livre? Ensino bilíngue? Metodologia moderna ou tradicional? No fim, as dúvidas se misturam: rankings, valores, localização e, claro, as expectativas sobre o futuro das crianças. É um cenário de sonhos e de um discreto orgulho aspiracional — mas um universo que só contempla, em números atualizados, cerca de 20% das crianças brasileiras. Os demais 80% ainda têm seu destino escolar definido pelo CEP, reforçando um apartheid educacional baseado em critérios de renda. ⠀
Esse modelo segmenta de forma clara a sociedade: famílias com recursos escolhem sua escola, até mesmo entre as de alta qualidade ou aquelas de perfil confessional estruturado, com diferentes faixas de valores de mensalidades. Quem não possui essa possibilidade acaba direcionado para a escola pública, cuja qualidade, infelizmente, ainda varia bastante e enfrenta desafios constantes de infraestrutura, falta de recursos e mudanças administrativas recorrentes.
Os dados refletem esse abismo: alunos de escolas privadas mantêm média de desempenho significativamente superior no ENEM e resultados comparáveis a países desenvolvidos nas avaliações do Pisa, enquanto a maioria dos alunos da rede pública permanece entre os últimos colocados nesses exames. Na pandemia, essa divisão ficou mais aguda: enquanto muitos alunos de escolas particulares seguiram com ensino remoto, grande parcela dos estudantes da rede pública viu suas aulas serem interrompidas.
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O Peso das Conexões Sociais
Há um aspecto ainda mais cruel nesse sistema: a segregação gerada pela falta de convivência entre estudantes de diferentes origens. Um estudo marcante publicado pela revista Nature, coordenado pelo economista Raj Chetty, da Universidade de Harvard, analisou 21 bilhões de conexões no Facebook, abrangendo 84% dos adultos americanos entre 25 e 44 anos, e concluiu: conviver com colegas de famílias de maior renda aumenta significativamente as chances de ascensão social. “O que realmente importa são as interações que moldam aspirações e criam conexões decisivas para a vida”, destaca Chetty. Se nunca conhecemos alguém que tenha ido à universidade, nossa ambição para buscar esse caminho e romper barreiras diminui drasticamente.
Desafio de Superar o
"Apartheid Educacional"
Se desejamos uma sociedade verdadeiramente justa e com mobilidade social, romper com nosso apartheid educacional é fundamental. Isso implica em três desafios práticos:
- Garantir que alunos de menor renda tenham acesso a escolas de qualidade semelhante àquelas frequentadas por seus pares de maior renda.
- Permitir que esses alunos estudem juntos e compartilhem das mesmas oportunidades sociais, como sugerem estudos internacionais.
- Assegurar o direito de escolha a todas as famílias — elemento central no debate da boa educação em sociedades desenvolvidas.
Longe de ser um sonho impossível, trata-se de repensar conceitos: deixar de confundir “educação pública” com um serviço exclusivamente estatal e abrir espaço para inovação, flexibilidade e busca pela excelência
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O Colégio Bias de Priene é parceiro do Sistema de Ensino Geekie One
- O Melhor avaliado por famílias e professores
- 1 a cada 3 alunos aprovados no SISU
- 15% dos alunos, aprovados em 1º lugar no SISU.
- Aulas no Chromebook (notebook educacional do Google)

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Muito Além da Teoria: Parcerias Reais
e Modelos Eficientes para um Novo Brasil
Exemplos nacionais e internacionais mostram que alternativas existem. Modelos de Parceria Público-Privada (PPP) ganharam força recente, como em Ananindeua (PA), onde uma PPP possibilitou a construção de 20 novas escolas de educação infantil, criando 5.500 vagas e praticamente dobrando a oferta em um ano.
Em São Paulo, o projeto “Novas Escolas” prevê 33 escolas estaduais de tempo integral, oferecendo estrutura de excelência a 35 mil estudantes em 29 cidades, tudo também por meio de PPPs.
Outra via relevante é o financiamento direto ao estudante, como os vouchers educacionais e programas de incentivo financeiro. O Brasil já vivencia essa política no ensino superior com o ProUni, criado em 2004, que ofereceu aproximadamente 3 milhões de bolsas de estudo, garantindo liberdade de escolha com baixo custo e burocracia mínima. Não por acaso, dados mostram que alunos bolsistas integrais apresentam desempenho médio 10% superior aos não bolsistas no Enade. Recentemente, essa abordagem inspirou o governo federal a implantar no ensino básico o programa “Pé-de-Meia”, instituído pela Lei nº 14.818/2024. Focado em alunos do ensino médio da rede pública, o Pé-de-Meia oferece incentivo financeiro na modalidade poupança educacional, com o objetivo de estimular a permanência na escola e reduzir a evasão. Em dezembro de 2024, o programa já alcançava 3,9 milhões de estudantes, com aporte anual de R$ 12,5 bilhões, representando um passo decisivo para democratizar o acesso ao ensino de qualidade e promover inclusão social no país. Se o financiamento direto ao estudante já faz diferença no ensino superior, iniciativas como o Pé-de-Meia mostram que é possível e urgente ampliar esse modelo também para o ensino básico.
Apesar de críticas, muitas vezes ideológicas, alternativas como estas começam a ganhar espaço num cenário em que famílias de diferentes origens passam a demandar mais por qualidade e direito à escolha.
Uma Revolução Silenciosa Está em Curso
Importante notar: essa transformação não pertence a partido nem ideologia específica. Na Bahia, hospitais públicos avançaram com gestão privada via PPP sob comando do PT; no Paraná, aeroportos e parques ambientais alcançaram padrão de excelência por meio de concessões; no Rio, a balneabilidade da Praia de Botafogo melhorou após a privatização da Cedae. Todos são exemplos concretos de que especialização, contratos eficientes, definição de metas e incentivo por resultados podem, sim, transformar serviços públicos — e a educação precisa urgentemente ser protagonista nesse novo ciclo.
Conclusão
Apenas na educação avançamos pouco. Seguimos alimentando uma estrutura anacrônica, onde a atuação corporativa predomina e perpetua dois Brasis: um de liberdade e oportunidades para quem pode pagar, outro restrito e pouco eficaz, que alimenta desigualdades históricas. Mas, é preciso renovar a esperança — e agir, de fato, por uma educação transformadora e que abranja todos, sem distinção de origem.
Referências e Leitura Recomendada:
ananindeua.pa.gov.br
paranapolitico.com.br
folhadecuritiba.com.br
- Fernando Schüler – Publicado em VEJA de 17 de agosto de 2022, edição nº 2802– Seção Brasil
Nova Unidade Educação Infantil

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